quarta-feira, 16 de abril de 2014

Surdocegueira e deficiência Múltipla.

  


A Surdocegueira é uma deficiência única que apresenta a perda auditiva e visual concomitantemente em diferentes graus, necessitando desenvolver formas diferenciadas de comunicação para aprender e interagir com a sociedade. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira pode ser Congênita ou Adquirida e não é deficiência múltipla. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-linguisticos ou Surdocegos Pós-linguísticos. As pessoas surdocegas estão divididas em quatro categorias:
Ø  Indivíduos  que eram cegos e se tornaram surdos;
Ø  Indivíduos  que eram surdos e se tornaram cegos;
Ø  Indivíduos que se tornaram surdocegos;
Ø Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver uma linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão do mundo.
A  deficiência múltipla é uma  associação, na mesma pessoa, de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), “é uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002)). As pessoas com deficiência múltipla apresentam características específicas, individuais, singulares e não apresentam necessariamente os mesmos tipos de deficiência, podem apresentar cegueira e deficiência mental; deficiência auditiva e deficiência mental; deficiência auditiva e autismo e outros.
Diante desse contexto, podemos salientar que  a surdocegueira é a perda da visão e da audição, já a DMU está direcionada a duas ou mais deficiências em uma mesma pessoa.
As necessidades básicas das pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla é referente ao corpo, pois  é a realidade mais imediata do ser humano, a  partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo. Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância,  para que a pessoa possa se auto perceber e perceber o mundo exterior. Para isso, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora,  motora global e fina e o desenvolvimento da força muscular.
Tanto as pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as mãos  para quebrar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo neurológicas, é comum nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno.
É fundamental disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.
Todo trabalho com a pessoa com a deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente.
As estratégias para aquisição da comunicação são variadas,  podem ser objetos ou materiais de referências que têm significados especiais para os alunos que possibilitam maior compreensão para a comunicação.
A habilidade de se comunicar se desenvolve assim que a criança adquire a compreensão de objetos,  do ambiente social e os meios para controlar e afetá-los. Quando aspectos do ambiente podem ser representados e referidos ambos mentalmente e por ações e se adquire conhecimento de símbolos para uso interno para pensamento e uso externo para comunicar pensamentos aos outros.
Comunicação é um aspecto cognitivo e um reflexo do desenvolvimento cognitivo revelado durante interações sociais.
Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla e surdocegueira. Isso se refere a pessoas que possuem como características a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Dessa forma, estabelecerá os códigos comunicativos entre os pares. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando lhe proporcionar autonomia e independência.
Todas  as pessoas se comunicam, ainda que em diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim, considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as manifestações ocorrem e sua frequência, para assim compreender melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.
Cada pessoa surdocega dispõe de um sistema de comunicação diferente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de referência) até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O importante é que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno para que interaja diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de um guia-intérprete ou instrutor-mediador.
Para as pessoas com surdocegueira e ou com deficiência múltipla  a comunicação em Receptiva e Expressiva, pode favorecer a eficiência da transmissão e interpretação.
A comunicação receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras etc).
A informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio ou TV objetos, figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No entanto, comunicação receptiva requer que a pessoa que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem  tentou passar.
A comunicação expressiva requer que um comunicador (pessoa que comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação expressiva pode ser realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala, escrita, figuras, e muitas outras variações.
Ressaltando a importância das rotinas familiares que desenvolverá um sistema de comunicação usando sinais táteis, gestos naturais, a fala e qualquer outra forma de representação importante para a criança.
Salientando  que compensar a informação sensorial é um dos objetivos principais da comunicação é que o mais importante é a  comunicação que se estabelece.

Referências:

BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).

BLAHA, Robbie. Calendários - Para Alunos com múltiplas deficiências Incluindo surdocegueira. Escola Texas para Cegos e com Baixa Visão – 2003. Tradução em 2005 – Projeto Horizonte. Tradução: Márcia Maurilio Souza. Revisão: Shirley Rodrigues Maia e Lília Giacomini.

Coletânea UFC-MEC/2010. GIACOMINI, Lilia et all. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 07: Orientação e Mobilidade, Adequação Postural e Acessibilidade Espacial.

Godfrey, Gretchen Um Guia para os Pais: Desenho Universal para a Aprendizagem, Centro ALIANÇA de Assistência Técnica 2003, tradução ACESS0 2012 - Projeto Horizonte.

ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila In mimeo. Tradução Acess. Revisão: Shirley R. Maia - 2013.

SERPA, Ximena Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas, INSOR-Colômbia 2002.

Lindinalva Maria da Silva
Recife, 16/04/2014.

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