A Surdocegueira é uma deficiência única que apresenta a
perda auditiva e visual concomitantemente em diferentes graus, necessitando
desenvolver formas diferenciadas de comunicação para aprender e interagir com a
sociedade. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas
limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira
pode ser Congênita ou Adquirida e não é deficiência múltipla. E dependendo da
idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos
Pré-linguisticos ou Surdocegos Pós-linguísticos. As pessoas surdocegas estão
divididas em quatro categorias:
Ø Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
Ø Indivíduos
que eram surdos e se tornaram cegos;
Ø Indivíduos
que se tornaram surdocegos;
Ø Indivíduos
que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver uma linguagem, habilidades comunicativas ou
cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão do
mundo.
A
deficiência múltipla é uma associação, na mesma pessoa, de
duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), “é uma
condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando
associações diversas que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento
individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002)). As pessoas com
deficiência múltipla apresentam características específicas, individuais,
singulares e não apresentam necessariamente os mesmos tipos de deficiência,
podem apresentar cegueira e deficiência mental; deficiência auditiva e
deficiência mental; deficiência auditiva e autismo e outros.
Diante desse contexto, podemos salientar que a surdocegueira é a perda da visão e da audição, já a DMU está
direcionada a duas ou mais deficiências em uma mesma pessoa.
As necessidades básicas das pessoas com surdocegueira e com
deficiência múltipla é referente ao corpo, pois é a realidade mais imediata do ser humano, a partir e por meio dele, o homem descobre o
mundo e a si mesmo. Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal
da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema
importância, para que a pessoa possa se
auto perceber e perceber o mundo exterior. Para isso, devemos buscar a sua
verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus
movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das
coordenações viso motora, motora global
e fina e o desenvolvimento da força muscular.
Tanto as pessoas com surdocegueira e com deficiência
múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar
as mãos para quebrar as eventuais
estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento
de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo
neurológicas, é comum nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e
no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno.
É fundamental disponibilizar recursos para favorecer a
aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto
em outros registros, como o gestual, por exemplo.
Todo trabalho com a pessoa com a deficiência múltipla e com
surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente.
As estratégias para aquisição da comunicação são
variadas, podem ser objetos ou materiais
de referências que têm significados especiais para os alunos que possibilitam
maior compreensão para a comunicação.
A
habilidade de se comunicar se desenvolve assim que a criança adquire a
compreensão de objetos, do ambiente
social e os meios para controlar e afetá-los. Quando aspectos do ambiente podem
ser representados e referidos ambos mentalmente e por ações e se adquire
conhecimento de símbolos para uso interno para pensamento e uso externo para
comunicar pensamentos aos outros.
Comunicação
é um aspecto cognitivo e um reflexo do desenvolvimento cognitivo revelado
durante interações sociais.
Todas as
interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a
individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla e
surdocegueira. Isso se refere a pessoas que possuem como características a
necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Dessa forma,
estabelecerá os códigos comunicativos entre os pares. Esse mediador terá a
responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa,
visando lhe proporcionar autonomia e independência.
Todas as pessoas se comunicam, ainda que em
diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim,
considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de
comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as manifestações
ocorrem e sua frequência, para assim compreender melhor o que o aluno tem a
intenção de comunicar e responder.
Cada pessoa surdocega dispõe de um sistema de comunicação diferente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de referência) até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O importante é que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno para que interaja diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de um guia-intérprete ou instrutor-mediador.
Cada pessoa surdocega dispõe de um sistema de comunicação diferente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de referência) até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O importante é que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno para que interaja diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de um guia-intérprete ou instrutor-mediador.
Para as pessoas com surdocegueira e ou com deficiência
múltipla a comunicação em Receptiva e
Expressiva, pode favorecer a eficiência da transmissão e interpretação.
A comunicação receptiva ocorre quando alguém recebe e
processa a informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras
etc).
A informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio
ou TV objetos, figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No
entanto, comunicação receptiva requer que a pessoa que está recebendo a
informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem tentou passar.
A comunicação expressiva requer que um comunicador (pessoa
que comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação expressiva pode
ser realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala,
escrita, figuras, e muitas outras variações.
Ressaltando a importância das rotinas
familiares que desenvolverá um sistema de comunicação usando sinais táteis,
gestos naturais, a fala e qualquer outra forma de representação importante para
a criança.
Salientando que compensar a informação sensorial é um dos
objetivos principais da comunicação é que o mais importante é a comunicação que se estabelece.
Referências:
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).
BLAHA, Robbie. Calendários - Para Alunos com
múltiplas deficiências Incluindo surdocegueira. Escola Texas para Cegos e com Baixa Visão – 2003.
Tradução em 2005 – Projeto Horizonte. Tradução: Márcia Maurilio Souza. Revisão:
Shirley Rodrigues Maia e Lília Giacomini.
Coletânea UFC-MEC/2010. GIACOMINI,
Lilia et all. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 07: Orientação e Mobilidade,
Adequação Postural e Acessibilidade Espacial.
Godfrey,
Gretchen Um Guia para os Pais: Desenho
Universal para a Aprendizagem, Centro ALIANÇA de Assistência Técnica 2003,
tradução ACESS0 2012 - Projeto Horizonte.
ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções
Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila
In mimeo. Tradução Acess. Revisão:
Shirley R. Maia - 2013.
SERPA, Ximena Fonegra, Comunicação
para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas, INSOR-Colômbia 2002.
Lindinalva Maria da Silva
Recife, 16/04/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário